Ed Ferreira/AE Lula e Dilma em congresso do PT: sem desconforto |
Com discursos recheados de críticas à imprensa, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriram nesta sexta-feira, 2, o 4.º Congresso Nacional tentando aplacar o desconforto do PT com ações da atual chefe do governo – como a demissão de ministros acusados de corrupção. A "faxina" de Dilma deixou setores do PT desconfortáveis, pois dirigentes avaliam que as medidas embutem na Era Lula a pecha de "corrupto".
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Pela primeira vez, o ex-presidente admitiu indiretamente que não sairá candidato à sucessão de Dilma, em 2014. Ao defender o atual governo, Lula argumentou que "oito meses de governo é muito pouco para quem vai governar esse País por oito anos". Foi um claro recado a petistas que já defendem a volta de Lula em 2014. "É apenas 10% que você vai ter para fazer esse País ser maior, ser melhor, mais democrático. Ninguém pode cobrar de você, Dilma, o que você não teve tempo de fazer", disse.
Dilma, por sua vez, descartou totalmente a possibilidade de divergências com Lula. "Como é que eu posso estar em conflito comigo mesma?", disse. Afirmou que os erros e acertos da gestão passada são seus próprios erros e acertos, pois ela integrou o governo passado.
Ovacionado pela plateia de cerca de mil militantes e autoridades do governo, Lula criticou a imprensa e adversários do PT que, segundo ele, chegaram a prever o fim do partido em 2005 – ano em que foi descoberto e esquema do mensalão. O ex-presidente, no entanto, citar o escândalo do mensalão.
"Estou muito orgulhoso de viver este momento. Lembrem-se que alguns diziam cinco anos atrás que nosso partido ia acabar, que nós não íamos conseguir nem eleger o síndico do prédio. E hoje qualquer pesquisa que se faz sobre partido político, para desgraça de nossos adversários, este é o principal partido desse País", afirmou Lula.
Herança. Em pronunciamento de cerca de 40 minutos, Dilma reafirmou o caráter de continuidade de seu governo, disse que o que lhe permite "avançar" é a experiência acumulada na gestão anterior, que comparou a camadas do solo que sustentam uma pedra, e fez questão de ressaltar sua condição de ex-ministra do governo Lula.
"Não é herança, porque ajudei a construir esta pedra. Eu estava lá. Os erros e acertos dela (da gestão anterior) são os meus erros e meus acertos", disse Dilma, sob aplausos. "Vejo muitas vezes na imprensa dizerem, ou tentarem dizer, porque dizer explicitamente é muito difícil, dizer que me elegi presidente baseada na trajetória deste partido, baseada no sucesso do governo do presidente Lula, tenho uma herança que não é bendita", declarou. "Essa tentativa solerte, essa tentativa às vezes envergonhada e insinuada, tenta toldar uma das maiores conquistas que tivemos nos últimos anos. Nós mudamos a forma de o Brasil se desenvolver."
Wilson Tosta, Eugênia Lopes e Vera Rosa / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
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